domingo, 20 de janeiro de 2013

Capitulo 4


Continuei correndo, eles eram lentos, era fácil despista-los, o problema é que uma hora eu me cansaria, eles não. Mais e mais se acumulavam pela rua, eu começava a ficar sem folego. Agora haviam três bem na minha frente, não havia outra forma de passar por eles senão indo pra cima com tudo. O primeiro parecia desesperado por um pedaço meu saiu na frente dos outros dois em minha direção, mas logo foi ao chão com apenas  um golpe na cabeça, os outros dois vinham logo atrás, girei o taco no ar com força e golpeei, pedaços de cérebro voam. Agora só restava um, este estava tão em cima de mim que podia sentir seu hálito podre, seus braços já quase me abraçavam, com um chute o empurrei pra trás recuperando um pouco do fôlego pra mais um golpe com o taco. Continuei correndo.

Suor escorria pelo meu rosto, eu respirava ofegante, tive que saltar por alguns carros pelo caminho, as vezes quase caindo, mas agora o caminho pela frente já estava mais tranquilo. Enfim pude parar pra descansar (mesmo que por apenas alguns minutos). Estava ali sentado na calçada encostado em um carro qualquer quando ouço algo que faz meu coração parar. Um tiro... 


Saltei no chão na mesma hora, então ouvi mais alguns tiros, vinham de alguma rua a minha frente. E agora, aquilo poderia ser um bom sinal, ou não. Nunca se sabe em quem confiar nos dias de hoje, na verdade  é melhor não confiar em ninguém. Por um momento lembranças me vieram à mente. Nem sempre andei por ai sozinho, já tive companheiros, um grupo de pessoas que juntos tentavam sobreviver a mais um dia nesse inferno. Mas agora cá estou eu, sozinho. O que aconteceu com eles? Alguns foram pegos por esses zumbis desgraçados, as vezes você acaba tendo que fazer que fogem da sua compreensão, mas que acabam tendo de serem feitas para evitar mais sofrimento e nessas horas você se pergunta "O que eu me tornei?". Mas não são só os zumbis que se deve temer nesses dias que enfrentamos, os humanos (que acabam se tornando monstros apesar de ainda estarem vivos) acabam sendo ainda mais perigosos, e foi por esses que o resto do meu grupo acabou caindo. Se todos morreram, eu não sei. Pois eu fugi, não que tenha sido o único a fazer isso, mas fui o único que conseguiu.


Agora o barulho de tiros se misturava ao som de motores e gritos eufóricos, se aproximavam cada vezes mais. Voltar agora seria suicídio, o caminho lá atrás ainda devia estar infestado. Olhei pro meu relógio (a única coisa de valor que ainda tinha, por isso sempre olho pra ele) eram 9:30. 

Depois de enfrentar tanta coisa sozinho,ter matado tantos zumbis, feito coisas das quais não me orgulho, algumas vezes ainda me pergunto "O que eu me tornei?", e ainda não encontrei a resposta. Mas uma coisa eu aprendi, à não temer nada. Peguei a mochila e o taco, e continuei andando em frente...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Capitulo 3


Depois de enfrentar alguns empecilhos finalmente consegui sair daquele bairro de subúrbio e seguir em frente. Decidi ir até o centro da cidade, não seria o lugar mais vazio, pelo contrário, mas as chances de encontrar mantimentos e coisas uteis era maior. O risco acho que vale a pena, não tenho muito a perder. Pelo caminho encontrei um skate, por sorte eu acho que ainda sabia me equilibrar em cima daquele pedaço de madeira com quatro rodas, quando mais jovem adorava isso, até sabia algumas manobras, minha mãe vivia brigando comigo sempre que voltava pra casa todo ralado com os shorts rasgados das quedas. Subi no skate, aquilo me trouxe boas lembranças, por um instante me vi ali jovem novamente. 

O skate foi muito útil até certo, depois decidi seguir a pé.

O dia estava claro com o céu sem nenhuma nuvem ainda eram 08:00hs .Caminhava por uma rua onde antes fora um lugar movimentado, cheio de lojas, comércios  prédios, agora ali só restava um emaranhado de carros abandonados, cheiro de morte misturando a fumaça, tudo vazio e destruído. Continuei até o fim da rua, virei a esquerda onde o cenário era o mesmo. Ao longe podia se ouvir aquelas coisas perambulando sem direção. Continuei andando, a rua estava completamente bloqueada por carros, acabei tendo que caminhar por cima deles, tomando muito cuidado para não fazer nenhum barulho que atraísse zumbis. 


Finalmente só mais um carro entre mim a rua livre, passava por cima de um Chevrolet Malibu vermelho, só mais uns passos. Uma mão sai pela janela da porta do motorista e agarra minha perna "Puta que Pariu!!!!". Estava tão concentrado que não vi que ali havia um zumbi preso ao cinto de segurança, ele não fazia barulho, despertou como de um sonho bem na hora que passava (não que essas criaturas dormissem, mas geralmente são meio burras). Consegui me livrar mas cai, bati as costelas no capo de um outro carro que estava do lado e fui pro chão. Bem nessa hora o alarme do carro disparou.


Merda!!!!! Uma festa com convidados nada legais era tudo que eu precisava agora. Me levantei sentido muita dor por causa da queda mas nem sequer tive tempo para recuperar o folego, já podia ouvir a horda de zumbis se aproximando. Agora não era mais hora pra tentar mantes o silêncio, sai correndo por onde tinha vindo, pois a minha frente uma dezena deles já vinham ao meu encontro. Parece que brotam do chão, de onde saem tantos? Voltei saltando de carro em carro, agora já não me importava se os alarmes disparavam ou não, eu já estava fodido de qualquer forma mesmo.


Virei de volta à rua principal, quando topei com um deles bem na minha frente. Ele esticou seus braços com os ossos à mostra tentando me agarrar, mas dei um paço pra trás, peguei o taco de baseball e o golpei com tudo na cabeça. Foi merda pra todo lado. Mais deles saiam de todos os lugares, bares, casas, prédios, simplesmente apareciam de onde menos se esperasse. Continuei correndo em frente, aquele era o único caminho agora...


sábado, 5 de janeiro de 2013

Capitulo 2

Algumas horas antes...

Abri os olhos, já era dia. Me levantei com um pouco de dificuldade, meu corpo todo doía  Olhei ao meu redor tentando refrescar minha memória de onde exatamente eu estava. Era um quarto pequeno com uma janela que dava para a rua, havia alguns pôsteres na parede, coisas como crepúsculo  Justin Bieber essas merdas. Com certeza aquele foi o quarto de uma garota, a julgar pelo ambiente, uma garota de muito mal gosto. Mas era o único quarto que ainda estava em boas condições, resto da casa estava toda revirada. 

Mas essa não é a minha casa, apenas mais uma de muitas onde achei que fosse seguro me abrigar, pelo menos por uma noite. Mas mesmo parecendo um lugar seguro algo sempre me incomoda, afinal de contas nunca se está completamente seguro. Meu sono sempre se dissipa com o minimo som, meus sonhos são sempre os mesmos a me assombrar. Depois de algum tempo você acaba de alguma forma criando um sentido de sobrevivência.

Fui até a janela, o céu estava claro com poucas nuvens  o sol começava a surgir. La fora tudo em silêncio, era uma rua pequena com algumas casas, haviam carros destruídos pelo caminho, um desses havia entrado em uma das casas parede adentro. Aqui antes devia ter sido um pequeno subúrbio de famílias simples. Algumas daquelas coisas vagavam de um lado pro outro la fora, pareciam perdidas, sem rumo, apenas andavam por ai esperando que às atraísse aparecesse.


Olhei meu relógio, eram 06:00. Dei mais uma revirada na casa (mais do que já estava) atrás de alguma coisa útil  mas não encontrei nada pudesse me ajudar. Peguei minha mochila e sai. Pra onde exatamente eu vou? Não sei.  Fiquei ali na porta parado pro um tempo, mordi um pedaço de uma barra de cereal que ainda me restava, tomei alguns goles de água, minha garganta estava seca. Alonguei de leve meu pescoço para os lados até ouvir os estralhos, aquilo me aliviava. Peguei meu taco de baseball e sussurrei "Bem vindo a mais um dia nessa vida de merda" ....

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Capitulo 1


Se você tivesse um dia de vida, como o viveria?
Se você tivesse um dia de vida e a única coisa que pudesse fazer fosse sobreviver, adiar o máximo possível o seu fim?
Talvez hoje seja o seu último dia de vida, mas você ainda não sabe disso.
Aquele som de ossos se quebrando, sangue, restos de carne e todo tipo de merda voando pelos ares já tinha se tornado música para meus ouvidos. Chegou à um ponto que aquilo  já era divertido, um esporte quase, algo para se passar o tempo, "tempo" algo que você não sabe o quanto tem, talvez daqui dez minutos você vá ser foder, morrer e ser comido por um daqueles desgraçados, talvez você tenha um dia, um mês, nunca se sabe, mas apesar de às vezes tudo isso soar um tanto quanto sarcástico da minha parte, "como alguém se diverte num mundo desses?" isso se chama sobrevivência e esse é o meu jeito de sobreviver. Ou eles ou eu, simples assim.
As vezes paro, fico observando aquelas criaturas, como as coisas chegaram à essa situação? Walkers, zumbis, coisas, mordedores, chamem-as como quiser, isso não faz diferença. Um dia aquelas criaturas já foram humanas, viviam vidas normais, pelo menos a maioria eu acho, tinham suas casas, seus empregos, nos quais trabalhavam para se manterem e uma pequena percentagem apenas para satisfazerem seus desejos capitalistas. Tinham suas famílias  se divertiam, bebiam, comiam, transavam, e apesar da vida as vezes parecer uma merda, mais pra uns do que pra outros, ninguém podia imaginar que hoje as coisas estariam assim, UMA MERDA PRA TODO MUNDO, ou pelo menos pra aqueles ainda sobrevivem, como eu. "Não importa o quão devagar você caminhe desde que não pare".
Agora aqui estou, encurralado por essas coisas, sem saber pra onde correr. Olho para os lados e só aparecem mais e mais desses desgraçados. Eu luto o máximo que posso, a música dos crânios se estraçalhando ecoa noite adentro, o suor escorre pelo meu rosto, respiro ofegante  Agora estou de costas contra um parede, me escorando pra não cair, porque já estou quase se forças para me manter em pé. Então é assim que tudo termina? Não há como sobreviver, apenas adiar o inevitável? Depois de tudo esse foi o mais longe que consegui chegar? Acho que já esperava por esse momento. Não sei porque, mas olho para o meu relógio, de que as horas iriam me ajudar agora? Não sei. Encaro a horda a minha frente. Então esse é o fim? Fecho os olhos...   o relógio marcava 20:00...